Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

maschamba



Segunda-feira, 22.03.10

Vai formosa e… segura

(por AL insone)Um dos tema em destaque no recente congresso da CPLP em Lisboa foi o HIV/SIDA. Lembrei-me de um pequeno filme de Rogério Manjate, que ganhou o prémio de 2009 do festival Africa in Motion, que aborda exactamente o tema da prevenção contra o HIV/SIDA.Googlei, youtubei, mas não consegui o link ao vídeo. Pode, no entanto, ser visto nesta página da UNESCO, ou nesta do site Jamati, que inclui uma entrevista com o realizador. Vale a pena clicar; são somente 3 minutos.Adenda: O nosso comendador JPT conseguiu postar aqui o filme. Aqui fica com os meus (nossos) agradecimentos. Não é em vão que se é comendador...

Autoria e outros dados (tags, etc)

por AL às 03:38

Quarta-feira, 17.03.10

Lançamento de peso

(por AL em antecipação livresca) -É amanhã  que se “estreia” em Lisboa o livro mais recente de João Paulo Borges Coelho – O Olho de Hertzog. O lançamento é na Sociedade de Geografia (Rua das Portas de Santo Antão), às 18:00 horas.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por AL às 21:02

Sábado, 13.03.10

Estórias da História

(por AL alertada por Luís Galvão) -Quem ouviu já falar de Irena Sendler? Confesso que eu desconhecia totalmente até um leitor amigo da maschamba me alertar para esta mulher notável, símbolo de coragem e de decência humana em pleno Holocausto. Irena Sendler foi uma polaca nascida em 1910 numa pequena cidade perto de Varsóvia, filha de um médico, cujos clientes eram principalmente judeus pobres. Quando a Alemanha nazi invadiu a Polónia em 1939, Irena trabalhava nos Serviços de Segurança Social de Varsóvia, responsável pelas cantinas e distribuição alimentar e de outros serviços a idosos, órfãos, pobres e destituídos. A estes serviços, Irena adicionou a distribuição de roupa, dinheiro e remédios a judeus que ela registava sob nomes cristãos fictícios, numa tentativa de evitar que fossem denunciados às autoridades nazis. Para evitar inspecções, Irena assinalava estas famílias como sofrendo de doenças altamente infecciosas.Em 1942 os nazis confinaram milhares de judeus a uma área restrita de Varsóvia, devidamente murada e vedada, que ficou conhecida como o Gueto de Varsóvia. As condições em que estas famílias judias viviam eram de tal forma chocantes, que levaram Irena a juntar-se à organização clandestina polaca que prestava auxílio aos judeus. A partir deste momento dedicou a sua vida a salvar crianças judias dos maus tratos e da morte certa que as aguardava. Munida de um passe do Departamento de Controle de Epidemias, Irena visitava o gueto diariamente, com fornecimentos clandestinos de roupas, remédios e dinheiro. No gueto morriam cerca de 5.000 pessoas por mês de fome e de doença e Irena decidiu retirar de lá tantas crianças quantas lhe fosse possível retirar. Para isso, Irena tinha primeiro que convencer os pais a separarem-se dos seus filhos e depois encontrar famílias/instituições cristãs dispostas a arriscarem as suas vidas para aceitarem estas crianças clandestinas.Irena conseguiu angariar apoiantes chave para a sua causa, capazes de forjarem documentos e assinaturas. Conseguiu assim retirar 2.500 crianças, escondidas na ambulância que ela usava para entrar no gueto – dentro de sacos de batatas, dentro de caixas de ferramentas, dentro de caixões. De forma a preservar a identidade destas crianças agora sob falsos documentos e identidades, Irena anotava cuidadosamente, sob um número de código, a origem de cada uma delas e guardava estes registos em boiões que enterrava no jardim de um vizinho. Foi assim que estas 2.500 crianças conseguiram, depois da guerra, traçar as suas origens.Em Outubro de 1943 Irena foi descoberta e presa pelos nazis. Durante a tortura pela Gestapo partiram-lhe as pernas e os braços, o que a tornou deficiente para o resto da vida, mas Irena não revelou onde se encontravam as crianças, nem os nomes de quem a tinha ajudado. Foi condenada à morte, mas um agente da Gestapo, subornado pela resistência polaca, permitiu-lhe a fuga da prisão. Irena passou o resto da guerra em fuga e na clandestinidade.Depois da guerra, Irena desenterrou os boiões com os registos das crianças que tinha salvo e tentou reuni-los com o que das suas famílias restava; a maioria tinha perdido toda a família durante o Holocausto. Até à sua morte em Maio de 2008 Irena Sendler levou uma vida modesta no seu apartamento de Varsóvia, apesar dos inúmeros prémios e medalhas que lhe foram atribuídas pelo seu valor e coragem. Em 2000 um professor e quatro alunas de uma pequena escola no Kansas, escreveram uma peça inspirada na sua vida – Life in a Jar, que veio a ganhar um prémio nacional. Em 2007 foi nomeada para o Prémio Nobel da Paz, que veio a perder em favor de Al Gore.Exemplos (quase) anónimos de coragem e dignidade nesta época existem muitos, incluindo portugueses – Aristides de Sousa Mendes. Hoje falámos de Irena Sendler.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por AL às 20:33

Quinta-feira, 11.03.10

Viagens virtuais

(por AL em desejos de errância)Acordei hoje com saudades do Sri Lanka. Assim, sem qualquer explicação. Abri o olho e lembrei-me do Sri Lanka e mais propriamente de Dambula e do maravilhoso templo budista na imensa caverna da montanha. E do Hotel Kandalama. Talvez porque tenhamos aqui recentemente falado de urbanismo e de arquitectura turística em Maputo e em Moçambique. Acordei hoje e lembrei-me do Kandalama que é um dos meus hotéis favoritos e um excelente exemplo de arquitectura turística amiga do ambiente onde (literalmente neste caso) se insere.O hotel foi um projecto de Geoffrey Bawa, um arquitecto singalês e colorida personagem. Começou por ser advogado e acabou por ser um dos arquitectos mais interessantes (para mim, leiga que sou nestas questões) do seu tempo.O Kandalama fica literalmente inserido na montanha, o que o torna praticamente invisível do cenário que o rodeia. A recepção fica no topo da montanha, isto é, no andar superior do hotel e os quartos serpenteiam montanha abaixo. Todos com um vista soberba sobre o vale e lago lá em baixo, onde ao por do sol os elefantes se vêm banhar, e todos com uma vista privilegiada sobre Sigiriya, uma fortaleza/palácio histórico.Moçambique está em franco desenvolvimento turístico e urbanístico. Não sou moçambicana e não tenho qualquer influência sobre decisões que afectem os destinos do país, mas não é por isso que gosto menos dele. Acho o Kandalama um belo exemplo do rumo que o desenvolvimento turístico pode levar. Quem sabe? Talvez algum leitor maschambiano com algo a dizer sobre os destinos de Moçambique por ele se deixe inspirar...[caption id="" align="aligncenter" width="369" caption="O corredor de acesso a recepcao"]Corredor de acesso a recepcao[/caption]

[caption id="" align="aligncenter" width="461" caption="Outra perspectiva da entrada na recepcao"]Outra perspectiva do corredor de acesso a recepcao[/caption]

[caption id="attachment_9482" align="aligncenter" width="461" caption="Vista de uma das esplanadas sobre Sigiriya (invisivel na foto por falta de zoom)"][/caption][caption id="attachment_9486" align="aligncenter" width="461" caption="Casa de banho com vista"][/caption]

[caption id="attachment_9489" align="aligncenter" width="461" caption="Uma das salas de jantar"][/caption]

[caption id="attachment_9493" align="aligncenter" width="461" caption="Os quartos vistos da piscina"][/caption]

[caption id="attachment_9495" align="aligncenter" width="461" caption="A piscina num continuum com o lago bem la em baixo"][/caption]

[caption id="attachment_9496" align="aligncenter" width="461" caption="Vista dos quartos"][/caption]

[caption id="attachment_9497" align="aligncenter" width="461" caption="Mais uma foto da piscina, agora sem ninguem a marcar o fim"][/caption]

[caption id="attachment_9498" align="aligncenter" width="461" caption="Mais uma vista do meu quarto"][/caption]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

por AL às 11:52

Segunda-feira, 08.03.10

À Mulher Desconhecida

(por AL em homenagem da mulher) - Mulher 1

Vejo-a ocasionalmente quando de manhã cedo vou passear a cadela, ou se, ao fim da tarde, vou à mercearia. Cruzamo-nos; eu no carro e ela a pé, com o filho nos braços. É nova, muito nova mesmo, aí pelos seus vinte anos mal medidos. O menino deve rondar os dois anos de idade. Mora ao fundo da rua íngreme que, a ocidente, ladeia a quinta que temos para os lados da Costa.De manhã, vai ela subindo a ladeira com a mala a tiracolo, um saco na mão que, presumo, contenha a marmita com o almoço e lanche para o filho. Com o braço que lhe sobra abraça o filho que carrega ao colo. Ela franzina, cabelo comprido, rosto bonito e marcado já pela crueza da vida; o menino faz-me lembrar as ilustrações de um livro que tive na infância e que se chamava "O Pequeno Lorde". Cabelos louros com ondulado de anjo, repousa a cabeça no ombro dela e olha o mundo com olhos inchados ainda pelo sono. As mãozinhas papudas rodeiam o pescoço da mãe, fazem-lhe uma festa ocasional no cabelo e movimentam-se a pontuar algo que lhe vai contando.Sei que vão conversando um com o outro, não porque os ouça, mas porque lhes vejo o movimento dos gestos e o sorriso que lhe atravessa, a ela, o rosto cansado. Nada sei sobre eles, mas comovo-me sempre que me cruzo com a intimidade terna que, ladeira acima, ladeira abaixo, os une e envolve.Mulher 2Queria ser médica; a mãe era doente e o sonho dela era estudar muito e ser médica e descobrir um remédio que tirasse a mãe do sofrimento em que vivia.Apurava-se nas aulas e veio um dia um senhor do Ministério da Educação que lhe falou da escola especial que havia lá na capital, para meninas como ela, que queriam ser médicas. Os pais desconfiaram de tanta esmola, mas ela insistia. Afinal o senhor não era um qualquer, era do Ministério da Educação, instituição idónea do governo que os libertara do jugo colonial. Os pais ainda renitentes quiseram conhecer o tal senhor. Sim, era verdade, tratava-se de um programa especial para jovens futuros quadros. Mostrou credencial e identificação. Ela chorou, insistiu, amuou, usou todas as armas que os catorze anos lhe punham à disposição até que, por fim, lá partiu rumo à capital embalada no sonho da escola de medicina pela voz do senhor do Ministério da Educação.O edifício era grande, imponente, rodeado de altos muros. Para protecção, disseram-lhe, que o país ainda estava em guerra. Entrou. Era afinal um quartel, fez instrução militar e lutou durante 10 anos numa guerra que não entendia. Foi desmobilizada sem mais instrução que a que tinha aos catorze anos. Mas não desistiu. Afinal tinha agora 24 anos, era nova e tinha vontade.Com mais instrução que a maioria das mulheres guerrilheiras, arregaçou as mangas e lutou pelos seus direitos e pelo reconhecimento do papel destas mulheres no destino do país. Matriculou-se no ensino à distância; aprendeu inglês; tirou um curso de assistência social. Casou e teve três filhos – dois meninos e uma menina, todos a estudarem. Aprendeu a escrever propostas de financiamento, a falar com doadores, a argumentar com políticos, a discursar em seminários e conferências. Aos fins-de-semana ainda se junta com as amigas no pátio das traseiras da sua casa, onde se enfeitam com tranças e penteados, enquanto desenrolam as histórias da vida que lhes aconteceu. Esta mulher eu conheço: é minha amiga!Mulher 3

Vamos chamar-lhe Ana porque na realidade pode ter um nome qualquer. É surda-muda e nada sabe contar sobre si mesma. Teve sorte a Ana, vive num orfanato de meninas que se pauta pela dedicação de quem lá trabalha. Quem lhe preencheu a ficha de inscrição, foi quem a baptizou. Aqui baptizo-a eu com o meu nome.Tinha onze anos quando a polícia a encontrou a vaguear sozinha pelas ruas. Não tinha papéis consigo; fizeram-se apelos na rádio e na televisão. Ninguém se apresentou a reclamá-la.Tem um rosto alegre, olhos vivos e inteligentes, é uma criança feliz. Brinca com as outras e desenvolveu a sua linguagem gestual muito própria, que lhe permite alguma comunicação funcional; entendem-se nas coisas do quotidiano, mas faltam-lhe os gestos para emoções e conceitos abstractos. Vai com as amigas à escola, para que não se sinta ainda mais diferente. Não escreve, desenha palavras, pois desconhece o conceito da palavra que copiou do gesto das amigas. O país dela é pobre e não tem escolas de ensino especial.Com o consolidar das novas vivências vai-se perdendo a sua identidade. Porque a Ana não consegue comunicar como foi a sua vida até ser apanhada pela polícia; nasceu aos 11 anos de idade.Mulher 4

Chama-se Palmira Marques e escreveu este poema sobre as mulheres timorenses:Carregas no olharos azuis das montanhas,onde as lágrimas secarame esperas…esperas que regressemaqueles que pereceramàs mãos dos ocupantes.Sentada no tearteces a taise silenciosa continuas a aguardarque o teu filho, o teu pai, o teu irmãovoltem para casa,porque a libertação já chegou!Mulher timorensecom muito carinhoergues altares e acendes velaslevas flores aos teus mortos:ao Manelito,ao Adelino,e a tantos outros que pereceram…Mas tu MULHER Timorensecom tuas mãos vais construir uma Nação!!Nota de pé de página

Hoje é dia 8 de Março de 2010 e faz hoje 100 anos que se celebra o Dia Mundial da Mulher.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

por AL às 08:00

Domingo, 07.03.10

Ha festa na maschamba!

(por AL em jeito de aniversário)Um flashmob bollywoodesco ao MVF pelo seu aniversário! Parabéns Miguel!

Autoria e outros dados (tags, etc)

por AL às 15:30

Domingo, 07.03.10

"Terras de Angola" em Lisboa

(por AL ainda embrulhada em mãe e avó)Foi com uma colagem do meu amigo e pintor Miguel Barros que me estreei aqui no maschamba. Actualmente a morar em Angola o Miguel tem-se inspirado nas cores e nas paisagens angolanas, que lhe valeram quadros muito, muito belos. Estão agora expostos em Lisboa, na Fundação Sousa Pedro no Chiado ate dia 11 de Março. Não percam!

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

por AL às 15:01


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Pesquisar no Blog  

calendário

Março 2010

D S T Q Q S S
123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
28293031