Sábado, 24.11.12
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A banda[/caption]
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O mercado das flores[/caption][caption id="attachment_36213" align="aligncenter" width="922"]

As flores[/caption][caption id="attachment_36214" align="aligncenter" width="922"]

A pitangueira[/caption][caption id="attachment_36215" align="aligncenter" width="922"]

As pitangas[/caption][caption id="attachment_36216" align="aligncenter" width="922"]

O jacaranda[/caption][caption id="attachment_36217" align="aligncenter" width="922"]

A acacia[/caption]
E o gala-gala fugiu...
AL
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Sábado, 24.11.12

À beira da varanda do meu quarto há uma árvore grande e frondosa como o nosso amor. Veste uma capa espessa e enrugada, tecida na vida que aqui a plantou e bordada em intempéries combatidas. Amanhece em cânticos de pássaros que despertam o sol. A árvore à beira da varanda do meu quarto é forte, singela e autêntica. Como o nosso amor.AL
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Sexta-feira, 23.11.12
Fim de semana na cidade
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Sexta-feira, 16.11.12

A aldeia pouco mais era que pilhas de escombros sobrados do conflito e uma barraca dobrada em café-mercearia; o velhote esquálido, emaciado pela dureza do passado recente. Na mão calejada mostra-me meia dúzia de figurinhas talhadas em madeira.
Handicraft, diz-me a meia voz. Olhei curiosa para os pedaços de madeira à pressa talhados em figuras vagamente familiares – uma palhota, um Jeep com o ubíquo UN, um porco. Eram as primeiras peças de artesanato que via naquela terra, onde a “comunidade internacional”, de artesanato consumidora (e promotora), tardava a chegar. Conversamos. Fala-me da aldeia antes da destruição, conta-me a história da sua terra nascida de um monstro que se cansou do mar. Pergunta-me se também no meu país existem monstros no mar. Vasculho o baú da memória e falo-lhe das sereias, esses monstros belos – metade mulher, metade peixe – que seduziam marinheiros com cânticos de encantar. Passadas que foram semanas, apanha-me o velhote no mesmo local.
Tenho uma coisa para te dar, diz-me,
fiz-te uma sereia. Mostra-ma. Ainda que emocionada com o gesto, foi a custo que contive uma gargalhada. Pego na figura toscamente talhada, agradeço-lhe. Diz-me:
é assim, não é?, metade mulher-metade peixe. Sim, respondo-lhe, ciente do tremendo erro que seria naquela aldeia conceber ou representar uma mulher de seios desnudos. Sim, digo-lhe, e penso quantos mitos não terão nascido de mal entendidos.AL
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Quinta-feira, 15.11.12

Hoje decidi encerrar a minha página no Facebook. Ah mas porquê, perguntam-me vozes amigas do outro lado do fio. Porque posso, respondo eu. Ir-nos-emos encontrando por aqui, na cooperativa, que não vou deixar de maschambar.AL
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Segunda-feira, 12.11.12

Acordou radiosa a manhã hoje, a espreguiçar-se num imenso céu lavado de azul. Mas chove no meu jardim. Faltam-me os olhos que dão cor às flores e os braços que me aquecem a vida. Porque há dias assim, em que só vejo com os olhos da alma.AL (para o P)
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Sábado, 10.11.12

Acordou-me o rac-rac do côco a ser ralado eram 3 da manhã. Levantei-me e espreitei da varanda. Duas mamanas buzarinhavam já no quintal. Enquanto uma ralava o côco, a outra soprava com sono o lume que àquela hora teimava em não querer acender. Encostadas à parede, perfilavam-se panelas de tamanhos vários e materiais diversos num prenúncio de festa farta. Um tchova de frangos já depenados e estripados chegou por volta das 10 da manhã. Seis enormes alguidares transbordavam com as folhas da matapa. Fritam-se as bagias e corta-se a manga ainda verde. O arroz, contido numa saca grande ainda cosida em cima, a estrear. Pela porta do quintal um corropio de mulheres e criançada; todos se afadigavam com os preparativos – arrastar mesas, arranjar cadeiras, os colman cheios de gelo, refresco e cerveja. Dois homens arrastaram enorme grade de ferro (secção de um qualquer gradeamento) que posta em cima do lume fez de cama aos frangos que manhã dentro se iam assando. A mandioca farta que nem fardo de lenha, descansou por pouco tempo debaixo de um alpendre, para logo-logo virar chinguinha. Perfumou-se o ar com aromas de iguarias. Acabado agora o repasto entra-me pela janela a música que as mulheres cantam. Um coral harmonioso de cantigas que desconheço, pautadas por palmas, pelo tilintar da louça e pelos gritos da pequenada. Jovens e outras mais afoitas limpam as mãos na capulana e ensaiam uns passos de dança. Gritam-se pilhérias, escondem-se risos envergonhados. Ululam as casadas.Há festa hoje no quintal das traseiras do nosso prédio e a alegria espalha-se em todos os patamares.AL
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Sábado, 10.11.12

Maputo, dizem-me, comemora hoje 125 anos de vida. Cidade que tanto quero e que tão bem me tem tratado. Assinalo a data aqui com a imagem que a ela sempre associo – as acácias rubras que começam já a cobri-la como um manto. Estas estão à porta da minha varanda e estão lindas!AL
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