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maschamba



Sexta-feira, 09.12.11

Confrangedor

 [caption id="attachment_32670" align="aligncenter" width="476" caption="Foto de telemovel. A legenda diz: "Fomos à Picha e à Coina""][/caption]Na sala de espera do consultório um televisor empinado junto ao tecto transmitia um qualquer programa da manhã com o Goucha e uma menina. Entre gritos e inanidades enche-se subitamente o écran com a tabuleta da vila de Coina. Lentamente desfaz-se o zoom para dar lugar ao Goucha que, agachado e por entre os dois pilares que a sustentam, passa por baixo da dita tabuleta enquanto debita “confesso que é a primeira vez que venho à Coina!” (piscar de olho tsk, tsk e sorriso malandrote). Cai-me o queixo, solta-se-me a gargalhada e pergunto-me se serei só eu a ver o ridículo, a quase ordinarice do momento. Julgava eu que já tinha visto e ouvido tudo e que pior seria difícil, salta a câmara para a menina que, também junto a uma placa toponímica, nos informa “já que o Goucha foi para a Coina, eu resolvi vir até à Picha!”. Calou-se-me o riso, morreu o ridículo. Sobrou simplesmente a insinuação que se pretendia brejeira mas que de rasca que é não passa de uma ordinarice baixa, que apouca e achincalha quem a diz e quem a ouve.O queixo? Esse continua caído.AL

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por AL às 20:52


7 comentários

De AL a 11.12.2011 às 22:42

A geracao dos meus pais divertiu-se nas casas de fado e no parque mayer, no casino do estoril, no monaco, saloes de baile, enfim, em locais hoje inexistentes ou completamente diferentes e que a mim, a geracao seguinte, nada dizem. Eu fui do bairro alto, do fragil, do alcantara mar, do bartis, dos 3 pastorinhos, do pavilhao chines. As minhas filhas sao docas e lux. Isto tudo para dizer que, em minha opiniao, ainda bem que assim e'. Ainda bem que as geracoes criam outros espacos para se divertirem e crescerem. A mim desagrada-me o imobilismo. Como me desagrada a ditadura ou a ideia dela. Vivi parte da minha vida numa ditadura, e tenho vivido outra parte no portugal democratico e em democracias modernas europeias. Por muito que me desgostem os gouchas ou as reportagens (talvez enviesadas) da "juventude moderna" nunca sonharia querer voltar a uma ditadura. Sejam os jovens o que forem, ainda bem que nao sao como eu fui. Se o preco a pagar e' ter que ocasionalmente aturar gouchas (que felizmente nao sou obrigada a ver/ouvir porque tenho alternativa), paciencia, azarito!

De Pedro a 11.12.2011 às 22:13

É verdade que este não é um problema Português. Mas, como se costuma dizer, com o mal dos outros posso eu bem. Quero mais para o meu Portugal.
É um sinal dos tempos no chamado Mundo civilizado. Chegamos a um estado tal de civilização que parece que agora querem destruir tudo. Passar do 80 para o 8. E realmente concordo consigo, mais do que me envergonhar, entristece-me.
Quanto a Itália. lembro-me bem do início da SIC em Portugal em que passava muitos programas Italianos. Execráveis, sem dúvida. Mas para quem elege um primeiro ministro como o sr. berlusconi (a letra pequena é de propósito) durante anos e anos, não merece mais.
Vi há dias uma reportagem sobre o Bairro Alto na Sic Noticias e mais uma vez fiquei chocado.
A falta de respeito, de educação, a impunidade com que se fazem e se dizem certas coisas é tal que me assusta. Principalmente porque tenho uma filha de 10 anos e adoraria que ela pudesse usufruir do Bairro Alto como eu o fiz tantas vezes. Ou da Ribeira no Porto, minha muy nobre e leal cidade.
Começo a chegar ao ponto de achar, como já tenho dito a amigos meus e agora digo-o publicamente, que o melhor sistema não é mesmo a democracia e a liberdade que rápidamente se transforma em libertinagem. O melhor é mesmo uma ditadura. O problema é que temos tido azar com os ditadores. Falta encontrar um justo, inteligente e honesto.
Todo o rebanho precisa de um pastor. E infelizmente, o ser humano em grupo, é pior do que um rebanho.
Esta falta de esperança é triste em si mesma, para mim e para os meus.
Espero sinceramente ainda ter tempo para a recuperar.
Há uma frase que sempre a digo como a minha favorita. Tem conotação cristã, da qual nem sou grande exemplo, nem quero. Gosto muito dos meus pecados. Mas, diz quase tudo sobre o que deveriamos ser e fazer.
"Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti"
Tão simples.
Eu esforço-me muito por fazer a minha parte.

Já estravazei um pouco o sentido do que nos trouxe aqui.
Mas isto é como as conversas e como as cerejas.
Começa-se com uma e rápidamente já estamos noutra.

De AL a 10.12.2011 às 11:33

Sabe Pedro, eu acho que este tipo de ordinarice assusta seja qual for a distancia. E' verdade que eu vejo pouca televisao portuguesa (viva o cabo!) e nesse sentido poder-se-a dizer que nao vivo em Portugal, mas se o que aqui conto foi a apresentacao tente imaginar o resto da reportagem. Que ainda por cima foi longa.
Toix, faco minhas as palavras do JPT. O pais em que cresci nao era assim. Havia senso de decoro, do que e' publico e do que e' privado. A piada no final do comentario do Pedro fez-me rir. Mas uma coisa e' ela ser dita aqui (apesar deste forum ser relativamente publico) e outra coisa e' ser contada num programa televisivo. E nao percebo como o Goucha que sendo pateta e vaidoso nao e' certamente um homem mal criado, se presta a este tipo de manipulacao.

Por muito confrangedor que tudo isto seja, devo salientar que nao e' unico de Portugal; quando estive em Italia vi programas na RAI que fariam corar as pedras da calçada e me envergonharam a mim, que de italiana nada tenho. Mais do que envergonhar-me estes programas entristecem-me. Porque, para mim, este tipo de indigencia no humor mais nao e' que o reflexo de outras indigencias intelectuais...

De jpt a 10.12.2011 às 09:20

Eu sei, e não foi neste

De toix a 10.12.2011 às 06:25

Mas ao fim de tantos anos v. ainda não sabem em que país nasceram?

De Pedro a 10.12.2011 às 01:37

Estou em Moçambique há apenas 18 meses.
Conheço esta blog há quase tanto tempo como isso por causa de uma quase revolução, a tal de 1 de Setembro de 2010, que me deixou sitiado em casa deste GRANDE, e ele vai-me perdoar, a letra grande, mas é o que merece neste momento, JPT.
Aproveito a oportunidade para a vénia ao espaço e a tudo o que me tem proporcionado.
Ainda continuo a viver demasiado o Portugal de hoje, de ontem, dos meus amigos e familiares.
Tanto, ou pelo menos o suficiente, para ainda me sentir envergonhado quando vejo Portugal representado desta maneira.
E, não é nada de novo. Afinal eu estava lá… há tão pouco tempo.
Não via este tipo de programas, é verdade. Mas, à distância, eles ganham uma dimensão que me assusta. Porque chegam a todo o lado. Até chegam a Moçambique para me envergonharem.
Para não me alongar muito…afinal é só um comentário.
Portugal está, se calhar, a merecer tudo o que está a passar. E tudo o que aí vem.
A minha esperança… é que aprendam. Repito… APRENDAM.
É tão simples ser-se mais e melhor.
Basta pensar…
Que é algo que se perdeu, na loucura do consumismo, capitalismo, “facilitismo” e outros "ismos" afins.
Um banho de humildade. De vontade. De querer. De espírito de sacrifício.
De termos noção do que JÀ temos.
De que podemos ser melhores.
Isso… faria Milagres. E eu nem acredito neles. Ou N’ele.

Pedro.

P.S.
Já agora, apelando á minha brejeirice. Sim, também sou Português com os mesmos defeitos, pelos alguns por vezes.
Se o Goucha disse que era a primeira vez que ia à Coina, não admira.
A menina, poderia ter dito que felizmente, para ela, não era a primeira vez que ia à Picha.

De O PCP está de luto | ma-schamba a 19.12.2011 às 16:07

[...] A morte do presidente-rei da Coreia do Norte, Kim-Jong-Il, deixa o Partido Comunista Português de luto, perdido um dos seus últimos estadistas aliados. Enfrentam alguma maldade do destino, nem sequer puderam fruir o recentíssimo passamento do agente americano Vaclav Havel. Como objecto de estudo será interessante, para quem tenha o estômago forte e o esófago saudável, ir ler o que os blogs portugueses comunistas botam sobre o assunto. E será principalmente interessante para aqueles que, no dia-a-dia, vão ouvindo ou até juntando-se às “associações de utentes” que esses trastes fazem florir. E para aqueles que acenam às profundas reflexões de comentadores avençados como Carvalho da Silva – que vi há dias entrevistado por Manuel Luís Goucha, este num breve intervalo das suas Viagens na Minha Terra. [...]

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