Eu que adoro o calendário laico que tanto irrita o nosso JPT, não podia deixar de me associar a este dia blogueiro. Sou relativamente nova nesta coisa da blogosfera, não conheço os bloguistas e a minha recomendação baseia-se em dois critérios: a) de uma forma geral gosto dos posts e b) o(s) autor(es) estão identificados. Poucas coisas me irritam mais que o anonimato e alcunhas que escondem quem por aqui escreve.Aqui ficam então as minhas cinco sugestões de blogs que eu gosto e que sigo regularmente: o
Porto Sentido, que quase diariamente me alegra os olhos; o
Diplomata porque foca assuntos de política internacional que me interessam; o
Travessa do Fala Só, a
Domadora de Camaleões e o
Biografias com Luz porque sim.AL
[caption id="attachment_30416" align="aligncenter" width="600" caption="Ilustracao de Sophie Blackall"]
[/caption]Embora me pareça relativamente pouco conhecido em Portugal o site
craigslist é talvez o site mais popular da internet nos Estados Unidos. É um mundo! Ali se compra, se vende, se encomenda, se recomenda, se faz e se desfaz. Uma das secções deste site que sempre me mistificou é a
missed connections, uma página onde se podem deixar recados cautelosos a incógnitos transeuntes que connosco se cruzaram e que por qualquer razão nos impressionaram. Insere-se o local onde os destinos se encontraram, uma breve referência ao incidente. E espera-se.
Ofereceu-me o seu lugar no comboio porque eu estava em pé com imensos sacos. Foi muito atencioso e acho-o muito atraente. Se ler isto, envie-me uma foto sua e talvez a gente se acerte.
[caption id="attachment_30417" align="aligncenter" width="600" caption="Ilustracao de Sophie Blackall"]
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Nós somos as duas raparigas que estavam a ter uma refeição pré-apocalíptica no Ritz Diner na esquina da rua 62 com a 1, ontem à tarde por volta das 4. Vocês são os dois rapazes que estavam sentados atrás de nós um pouco à esquerda. Nós estávamos embrenhadas em conversa e não dissémos olá. Um de vocês tinha uma camisola Alpha Phi. Reparámos que estavam a olhar para nós. Vivem naquela zona? Gostaríamos de voltar a ver-vos. Talvez uma outra refeição no Ritz Diner? Digam-nos qualquer coisa.
[caption id="attachment_30421" align="aligncenter" width="600" caption="ilustracao de Sophie Blackall"]
[/caption]E continua por aí fora numa listagem de esperança. Numa era de redes sociais e em que parece ser tão bem falar mal delas e dos seus riscos, pouco se fala das vidas que elas nos abrem, das inibições que nos ajudam a vencer, das oportunidades perdidas que nos ajudam a recuperar. E da inspiração que proporcionam a
bloguistas e
artistas a elas sensíveis e que pouco pensam dos bem pensantes. Porque afinal o que é a vida senão mudança e risco?AL
(por AL relativamente contente)Já referi aqui no comentário a um
post do ABM que a visita do Presidente Guebuza a Portugal me passou (literalmente) ao lado. Não que, comigo, tal coisa seja difícil de acontecer, mas foi assim mesmo. Vejo hoje na página do Facebook do
clube de fãs de Moçambique, que a visita já deu frutos na forma de acordos de cooperação assinados entre os dois países e muito do agrado de todos.Em relação à cooperação portuguesa tenho sempre sentimentos mistos. Quando em reuniões internacionais, as propostas portuguesas eram-me embaraçosas e acolhiam geralmente olhares depreciativos. Embaraço meu devido não tanto aos programas e projectos apresentados, mas sim pela forma como eles eram propostos. As raízes do
luso-tropicalismo parecem calar fundo na nossa alma lusa! Lembro-me de um ‘plano de desenvolvimento nacional’ totalmente elaborado nos gabinetes em Lisboa por ‘técnicos e peritos’ que nem um pé puseram no país que pretendiam ‘desenvolver’ e que o representante da cooperação portuguesa teimava em defender com o argumento que ‘ele gostam de nós e nós entendemo-nos. Não há necessidade de deslocar equipas até cá, nem de fazer consultas, porque nós sabemos o que eles querem’. O plano era de tal forma detalhado que incluía mesmo pormenores de carácter político, tais como a forma de descentralização e composição do governo local, a língua nacional, lei eleitoral, etc!Outro tesourinho deprimente foi uma conferência em Chatham House em Londres, onde o orador português defendia a ‘relação especial’ de Portugal com as suas ex-colónias, tendo mesmo chegado a invocar o tal dito de que Deus fez o branco e preto e o português fez o mulato, para justificar essa relação especial. O
chibalo, o xamboco e outros mimos afins do regime colonial tapados assim pela proezas do macho luso e do ‘somos marinheiros, somos albuquerques’.Mas por outro lado, pondo de lado o discurso luso-tropical, as propostas da cooperação portuguesa pareciam-me bem mais honestas que a maioria. Apresentavam-se nuas, despidas de hipocrisias e chavões (ditos) humanitários; não se escondiam atrás de putativos ideais de desenvolvimento; não invocavam as altas esferas morais que se usam para tapar preconceitos; não disfarçavam o interesse de promover empresários portugueses ( ainda que de dúbia reputação) e as tecnologias portuguesas (sejam elas quais forem). Parecia-me, que a diferença fundamental entre a cooperação portuguesa e a dos outros países residia sobretudo no grau de sofisticação do discurso; na capa de verniz; no menor grau de exigências feitas ao país receptor. O paternalismo condescendente estava ali, sem subterfúgios de cariz moral tão típicos de muitos ditos programas de desenvolvimento ou cooperação. Assim um bocado como a China, só que com menos dinheiro.Neste caso particular, agrada-me que se estreitem os laços entre os dois países; gosto muito de Moçambique e agrada-me pensar que o país e as suas gentes podem beneficiar com estes acordos. Espero que beneficiem com eles!