Terça-feira, 28.10.14
... mas com cores! Ao vivo! Angola em Toronto - exposição individual do Miguel Barros, ele também nestas paragens mais árcticas. Ide, ide ver a página dele que vale a pena!

AL
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Segunda-feira, 28.01.13

“
E não se esqueçam: não há nada de novo debaixo do sol”. Era com esta frase costumeira que acabavam os seminários de um dos melhores professores da minha vida. Durante quatro horas debatíamos história colonial e os paralelismos subtis entre os discursos coloniais de antanho e as “políticas de desenvolvimento” de agora; os mesmos conceitos trasvestidos com novas roupagens semânticas, tornando-os assim inseríveis (e defensáveis) na moderna corrente bem-pensante que, por bem pensante ser, lhes confere legitimidade. Retida em casa há umas semanas (maldita gripe!) engulo xaropes e televisão em doses nada homeopatetas e muito penso eu nele!Vejo o banquinho do
mea-culpa da Oprah Winfrey e só me lembro das confissões públicas e mega-julgamentos estalinistas. De diferente só lhes vejo o destino – o dos primeiros era certamente a morte ou o
gulag, já os segundos aqui abrem caminho ao registo literário
cum filme em Hollywood. Mas lá está, estou febril...Porque é que os pais do estado social quando ficam doentes vão para os hospitais privados? Uma questão perfeitamente parva, nada relevante e, lá está!, oriunda de uma mente febril.Iraque
versus Mali, por onde começar? Por onde se quiser que o terreno é fértil e também tem acessórios e danos colaterais. E a mim não me apetece pensar, porque a verdade é que eu estou febril e “
não há nada de novo debaixo do sol”.AL
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Segunda-feira, 28.01.13
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Quinta-feira, 06.12.12

Conhecemo-nos há vários anos, em tempos de sol, mar, desamores, escolhas e encruzilhadas. Os caminhos escolhidos não voltaram a cruzar-nos, mas deste breve encontro de então surgiria uma amizade cimentada em laços virtuais. Mulher-menina de sorriso desarmante e ternura no gesto, a Maria Palha documentou em fotografia o mundo por onde se tem dado e que agora se organizou em exposição. Eu,
hélas, ainda longe que estou, não vou poder estar lá mas deixo aqui o convite aos leitores ma-schambianos. É já amanhã, sexta feira dia 7 entre as 19h e as 22h na LX Factory, no espaço NetCast. À Maria deixo-lhe um beijo embrulhado na amizade que a distância nunca desfez.AL
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Sábado, 24.11.12
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A banda[/caption]
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O mercado das flores[/caption][caption id="attachment_36213" align="aligncenter" width="922"]

As flores[/caption][caption id="attachment_36214" align="aligncenter" width="922"]

A pitangueira[/caption][caption id="attachment_36215" align="aligncenter" width="922"]

As pitangas[/caption][caption id="attachment_36216" align="aligncenter" width="922"]

O jacaranda[/caption][caption id="attachment_36217" align="aligncenter" width="922"]

A acacia[/caption]
E o gala-gala fugiu...
AL
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Sábado, 24.11.12

À beira da varanda do meu quarto há uma árvore grande e frondosa como o nosso amor. Veste uma capa espessa e enrugada, tecida na vida que aqui a plantou e bordada em intempéries combatidas. Amanhece em cânticos de pássaros que despertam o sol. A árvore à beira da varanda do meu quarto é forte, singela e autêntica. Como o nosso amor.AL
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Sexta-feira, 16.11.12

A aldeia pouco mais era que pilhas de escombros sobrados do conflito e uma barraca dobrada em café-mercearia; o velhote esquálido, emaciado pela dureza do passado recente. Na mão calejada mostra-me meia dúzia de figurinhas talhadas em madeira.
Handicraft, diz-me a meia voz. Olhei curiosa para os pedaços de madeira à pressa talhados em figuras vagamente familiares – uma palhota, um Jeep com o ubíquo UN, um porco. Eram as primeiras peças de artesanato que via naquela terra, onde a “comunidade internacional”, de artesanato consumidora (e promotora), tardava a chegar. Conversamos. Fala-me da aldeia antes da destruição, conta-me a história da sua terra nascida de um monstro que se cansou do mar. Pergunta-me se também no meu país existem monstros no mar. Vasculho o baú da memória e falo-lhe das sereias, esses monstros belos – metade mulher, metade peixe – que seduziam marinheiros com cânticos de encantar. Passadas que foram semanas, apanha-me o velhote no mesmo local.
Tenho uma coisa para te dar, diz-me,
fiz-te uma sereia. Mostra-ma. Ainda que emocionada com o gesto, foi a custo que contive uma gargalhada. Pego na figura toscamente talhada, agradeço-lhe. Diz-me:
é assim, não é?, metade mulher-metade peixe. Sim, respondo-lhe, ciente do tremendo erro que seria naquela aldeia conceber ou representar uma mulher de seios desnudos. Sim, digo-lhe, e penso quantos mitos não terão nascido de mal entendidos.AL
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Quinta-feira, 15.11.12

Hoje decidi encerrar a minha página no Facebook. Ah mas porquê, perguntam-me vozes amigas do outro lado do fio. Porque posso, respondo eu. Ir-nos-emos encontrando por aqui, na cooperativa, que não vou deixar de maschambar.AL
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Segunda-feira, 12.11.12

Acordou radiosa a manhã hoje, a espreguiçar-se num imenso céu lavado de azul. Mas chove no meu jardim. Faltam-me os olhos que dão cor às flores e os braços que me aquecem a vida. Porque há dias assim, em que só vejo com os olhos da alma.AL (para o P)
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Sábado, 10.11.12

Acordou-me o rac-rac do côco a ser ralado eram 3 da manhã. Levantei-me e espreitei da varanda. Duas mamanas buzarinhavam já no quintal. Enquanto uma ralava o côco, a outra soprava com sono o lume que àquela hora teimava em não querer acender. Encostadas à parede, perfilavam-se panelas de tamanhos vários e materiais diversos num prenúncio de festa farta. Um tchova de frangos já depenados e estripados chegou por volta das 10 da manhã. Seis enormes alguidares transbordavam com as folhas da matapa. Fritam-se as bagias e corta-se a manga ainda verde. O arroz, contido numa saca grande ainda cosida em cima, a estrear. Pela porta do quintal um corropio de mulheres e criançada; todos se afadigavam com os preparativos – arrastar mesas, arranjar cadeiras, os colman cheios de gelo, refresco e cerveja. Dois homens arrastaram enorme grade de ferro (secção de um qualquer gradeamento) que posta em cima do lume fez de cama aos frangos que manhã dentro se iam assando. A mandioca farta que nem fardo de lenha, descansou por pouco tempo debaixo de um alpendre, para logo-logo virar chinguinha. Perfumou-se o ar com aromas de iguarias. Acabado agora o repasto entra-me pela janela a música que as mulheres cantam. Um coral harmonioso de cantigas que desconheço, pautadas por palmas, pelo tilintar da louça e pelos gritos da pequenada. Jovens e outras mais afoitas limpam as mãos na capulana e ensaiam uns passos de dança. Gritam-se pilhérias, escondem-se risos envergonhados. Ululam as casadas.Há festa hoje no quintal das traseiras do nosso prédio e a alegria espalha-se em todos os patamares.AL
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