Sexta-feira, 04.11.11
[caption id="attachment_31933" align="aligncenter" width="886" caption="Oslo - Folhagem - Outubro 2011"]

[/caption]
Tu és a folha de outonovoante pelo jardim.Deixo-te a minha saudade- a melhor parte de mim.Certa de que tudo é vão.Que tudo é menos que o vento,menos que as folhas do chão...
Em Canção de Outono de
Cecília Meireles[caption id="attachment_31934" align="aligncenter" width="922" caption="Oslo - Outubro 2011"]

[/caption][caption id="attachment_31937" align="aligncenter" width="923" caption="Oslo - Outubro 2011"]

[/caption][caption id="attachment_31938" align="aligncenter" width="922" caption="Oslo - Outubro 2011"]

[/caption][caption id="attachment_31939" align="aligncenter" width="922" caption="Oslo - Outubro 2011"]

[/caption] [caption id="attachment_31940" align="aligncenter" width="922" caption="Oslo - Outubro 2011"]

[/caption][caption id="attachment_31941" align="aligncenter" width="922" caption="Oslo - Outubro 2011"]

[/caption][caption id="attachment_31942" align="aligncenter" width="922" caption="Oslo - Outubro 2011"]

[/caption][caption id="attachment_31943" align="aligncenter" width="922" caption="Oslo - Outubro 2011"]

[/caption][caption id="attachment_31944" align="aligncenter" width="922" caption="Oslo - Outubro 2011"]

[/caption]AL
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Terça-feira, 16.08.11
Não gostam lá assim muito do vosso país vocês, pois não?, pergunta-me com ar intrigado. (eu: ????) É que há coisas tão lindas ... mas depois vamos a ver e as coisas parecem assim como que abandonadas e as que não parecem abandonadas parecem mal-amadas. São mais bonitas vistas de longe.



















AL
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Sábado, 13.08.11
Na Índia são as estradas tão vivas quanto os mercados – abundam rickshaws com taxímetro, sem taxímetro, com buzina de corneta, com colunas de alumínio, com flores, dobrando como transporte escolar, mas sempre, sempre agradáveis e arejados, permitindo cheiros, cores e sons, que entram desimpedidos; camiões pintados num requinte de enfeite; automóveis de que já só temos recordações; motas que só conhecemos de filmes. Nem falta o ocasional elefante trabalhador! Flui a mesma diversidade nos canais que em Kerala se desdobram em estradas e caminhos. Num constante pra-cá-e-pra-lá de pessoas e bens.












































AL (com Zé João e Micas)
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Quarta-feira, 10.08.11
Adraga – onde as mãos se abraçam[caption id="attachment_29302" align="aligncenter" width="400" caption="Foto daqui:
https://1.bp.blogspot.com/_dAK43Y9vrMA/SzOJZlvK2lI/AAAAAAAAAJw/9gZY2f6MBLw/s400/DSC03073.JPG (a que eu tirei estragou-se)"]

[/caption]
Quando o amor morrer dentro de ti,Caminha para o alto onde haja espaço,E com o silêncio outrora pressentidoMolda em duas colunas os teus braços.Relembra a confusão dos pensamentos,E neles ateia o fogo adormecidoQue uma vez, sonho de amor, teu peito feridoEspalhou generoso aos quatro ventos.Aos que passarem dá-lhes o abrigoE o nocturno calor que se debruçaSobre as faces brilhantes de soluços.E se ninguém vier, ergue o sudárioQue mil saudosas lágrimas velaram;Desfralda na tua alma o inventárioDo templo onde a vida ora de bruços,A Deus e aos sonhos que gelaram.
Ruy Cinatti - Quando o amor morrerAL
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Terça-feira, 09.08.11
Não sei quanto tempo mais vou ficar aberto. Mandaram-me tirar as madeiras. Expliquei que nas vitrines só tinha latas e produtos secos e embalados. Querem que ponha prateleiras de plástico. Dizem que é melhor para a saúde. Enquanto a inspecção não voltar vou estando aberto. No dia em que vierem outra vez e me mandarem fechar ... Nesse dia então fecho de vez.[caption id="attachment_29291" align="aligncenter" width="738" caption="Mercearia portuguesa em vias de extincao"]

[/caption]AL
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Sexta-feira, 29.07.11
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Terça-feira, 26.07.11
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Quarta-feira, 04.05.11

A casa que protagoniza esta foto é uma casa de mulheres no País Dogon, Mali. Chama-se, mais propriamente,
casa de menstruação por albergar as mulheres naqueles dias do mês em que são consideradas impuras; interditas, portanto, de confeccionarem comida, de fazerem tarefas domésticas e de se dedicarem à terra. Os homens estão estritamente proibidos de ver, tocar ou cheirar o sangue menstrual e nalgumas aldeias nem falam com mulheres menstruadas – acreditam que estes contactos fazem perigar a sua virilidade. Assim, as mulheres menstruadas juntam-se aqui, onde são tratadas e alimentadas pelas idosas pós-menopáusicas da comunidade, numa semana de merecido repouso.Quando visitei a aldeia onde fica esta casa, cruzei-me com uma activista canadiana dos direitos da mulher. Horrorizada pela discriminação que tais casas representavam; pela demonização da mulher como fonte de mal; pela exclusão social espoletada por algo tão natural (visceral?) na mulher, dizia a quem passava por perto “
C’est pas bien cette maison, hein? C’est pas bien pour les femmes!”… Os que por ali passavam olhavam-na com ar de quem está habituado a diatribes semelhantes e aquiesciam com a cabeça, naquele gesto de bondade que se tem para os loucos inocentes e seguiam o seu caminho num murmúrio quiçá equivalente ao nosso “pois, está bem…” Eu, talvez mais básica, pensei para comigo que bem que me teria sabido em certos meses ter sido excluída assim, para uma casa onde houvesse quem durante uma semana me tratasse a mim e aos meus filhos pequenos.Caímos as duas, a Canadiana e eu, na mesma falácia – ela, a Canadiana, por ignorar as mercês deste tipo pontual de exclusão expressando juízos de valor de uma igualdade de cariz cultural; eu, por valorizar as mercês deste tipo pontual de exclusão ignorando os
limites impostos pelo simples facto de se ser mulher. Não consegui ainda sair da ambivalência para que este tipo de discurso me remete - reconheço-lhe os matizes de imposição de uma certa arrogância cultural, mas incomoda-me o inaceitável que o cultural procura legitimar:
- uma em cada três mulheres é espancada ou forçada a ter relações sexuais, geralmente por alguém que lhe é próximo
- a violência é uma das principais causas de morte ou de deficiência nas mulheres entre os 15 e os 44 anos; a violação e a violência doméstica causam mais mortes neste grupo etário do que cancro, desastres, guerra e malária
- calcula-se que 100 a 140 milhões de mulheres e meninas sofrem actualmente as consequências da mutilação genital feminina e 2 milhões de meninas correm anualmente o risco de sofrerem este tipo de mutilação (6.000 por dia)
- este tipo de mutilação realiza-se geralmente entre a infância e os 15 anos de idade
- em África o número de raparigas mutiladas a partir dos 10 anos de idade situa-se nos 92 milhões
- as maioria das mulheres ainda enfrenta discriminação perante a Lei
- todos os anos são traficadas para os Estados Unidos cerca de 50.000 mulheres e meninas para diversas formas de trabalho e exploração sexual
- anualmente traficam-se a nível mundial 4 milhões de mulheres e meninas para os mesmos fins
- uma em cada cinco mulheres vai ser vitima de violação ou de tentativa de violação ao longo da sua vida
- nos Estados Unidos em cada 90 segundos é violada uma mulher
- cerca de 70% das mulheres vitimas de assassínios foram mortas pelo seu marido/namorado/companheiro
- 82 milhões de meninas actualmente com idades entre os 10 e os 17 anos vão ser forçadas a casarem antes dos 18 anos de idade
- anualmente entram cerca de 1 milhão de crianças, principalmente meninas, na indústria do sexo
- nalguns países africanos 16% dos doentes tratados em hospitais por doenças sexualmente transmitidas têm menos que cinco anos de idade
Por isto, por ter nascido e crescido num ambiente relativamente igualitário, por ter filhas e uma neta, por raramente me ter sentido discriminada por ser mulher, pelas mulheres discriminadas que conheço e porque a irritação causada pelo discurso da advocacia não nos deve cegar, aqui deixo este post.AL
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Sexta-feira, 29.04.11
Na outra encarnação do Ma-schamba fiz um post-socorro em que pedia aos leitores se haveria alguém que me elucidasse sobre a origem de uma palavra portuguesa encontrada durante uma das minhas viagens. Nesse post-socorro falava tambem de um jogo muito popular em todo o mundo. Tive imensas respostas sobre o jogo e sobre os diferentes nomes a ele atribuídos, mas a minha pergunta ficou sem resposta. Por isso aqui fica a re-edição.Andei aqui há uns anos pelo
Mali, país absolutamente mágico e de gentes afáveis e hospitaleiras. Viajei pelas suas diferentes regiões e, claro, pelo
País Dogon, que parece quase um museu vivo etnográfico. Apetece-se ficar por lá, escondido do tempo. Todas as aldeias que visitei apresentavam, num local mais ou menos central, uma estrutura construída por grandes lajes sobrepostas que a elevam do chão e com uma cobertura espessa de ramos e palha assente em pilares de pedras empilhadas. Estas estruturas são o ponto fulcral das aldeias. É lá que geralmente se encontra o chefe da aldeia; é lá que os homens se reúnem para conversar, jogar, debater questões relevantes para a comunidade e aconselhar-se com os mais idosos ou com o chefe da aldeia. Há-as simples e há as pesadamente ornamentados. As mulheres têm as suas casas próprias de que falarei num outro post aqui na maschamba.[caption id="attachment_27520" align="aligncenter" width="664" caption="Toguna muito simples"]

[/caption][caption id="attachment_27521" align="aligncenter" width="737" caption="Toguna ricamente ornamentada"]

[/caption]É um local muito aprazível. O chão de laje, amaciado por anos de uso, é fresco e convidativo. Geralmente, uma das lajes tem as cavidades necessárias para se jogar o que na Ásia se chama
mancala,
tchuva em Moçambique e oril em Cabo Verde. Trata-se de um jogo que já vi jogar (e joguei) em diversas partes do mundo; umas vezes com tábua própria, outras vezes com simples
covinhas feitas no chão, que vão sendo enchidas e esvaziadas de pedrinhas, conchas, sementes… As regras variam de sítio para sítio, mas o objectivo geralmente é “comer” as peças do adversário.[caption id="attachment_27523" align="aligncenter" width="829" caption="mancala, tschuva ou oril"]

[/caption]A cobertura da estrutura é geralmente muito espessa e protege do sol e do calor; a ausência de paredes permite uma ventilação desimpedida; o pé direito destas estruturas é pouco mais de 1 metro. Pensei que fazia sentido, pois o tecto baixo impedia a incidência dos raios solares, proporcionando uma sombra maior. Até que um dos velhos numa aldeia me explicou educadamente que não teria sido isso que se tinha em mente. Disse-me ele não ser este um espaço para pressas, para um entra e sai desarvorado. Ter que entrar agachado e permanecer sentado lembra a quem chega que ali se fala, mas também se ouve. E com tempo! Mais ainda, sendo a estrutura um espaço de debate para questões importantes da aldeia e sendo a natureza humana aquilo que é, espera-se que durante esses debates os ânimos se exaltem. E, pessoas exaltadas tendem a levantar-se e a gesticular. Sempre que tal acontece o exaltado bate invariavelmente com a cabeça no tecto, acalmando assim de imediato os ânimos. Nada de dizer bojardas e sair porta fora, não senhor!Agora vem a parte que mais me espantou. O nome destas estruturas é
toguna ou
casa-palavra. Assim, tal e qual, no mais puro português. Nome que nem sequer sofria de qualquer abastardamento da pronúncia francesa, língua oficial do Mali. Nada de cásá-pálavrá, mas sim cása-palávra com a fonética portuguesa toda no sítio devido. Intriguei-me, perguntei de onde viria tal nome e ninguém me soube dizer. Nem no Museu Nacional em Bamako consegui encontrar explicação. Já “googlei” o nome e nada! Será que algum dos leitores do maschamba me consegue esclarecer?* texto postado originalmente em 9 de Novembro de 2009AL
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Quinta-feira, 21.04.11
[caption id="attachment_27379" align="aligncenter" width="1106" caption="Na rota do sal - Mali - A caminho de Timbuctu"]

[/caption]A caminho de Timbuctu quase no fim do harmatão, surpreenderam-nos do nada em jeito de miragem. Aproximaram-se sem surpresa do LandRover verde escuro; assalaamu alaykum. Trocámos por um sorriso e um Shukran! a água fresca pelo ar condicionado. Despedimo-nos na trindade do gesto islâmico – do coração, com a palavra, no pensamento. Intemporalmente na rota do sal…Celebrou-se esta semana o
Eid ul Adha.PS: este post foi originalmente publicado em 29 de Novembro de 2009 na primeira encarnação do Ma-schambaAL
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